quarta-feira, 21 de maio de 2008

MIOPIA CARDÍACA

Ei, como andam os graus do seu óculos? Há quanto tempo você não faz um exame oftamológico para saber à quantas anda sua visão? É sempre bom - e preciso - ficar atento aos olhos e ao que eles andam, ou não, enxergando. Imagina se você perde o ônibus? Imagina se fica sem ler aquela frase crucial daquele filmasso? Ou pior, imagina se você não enxerga o amor da sua vida? Dizem que quando se ama, a visão é o nosso primeiro sentido a ser danificado. Eu, particularmente, não concordo muito com essa estória de que o "amor é cego". Aliás, eu chego a discordar totalmente desse ditadinho popular. No meu dicionário, os cegos e ruins da visão são os famosos apaixonados, que quando se inebriam com essa sensação passam a enxergar apenas o próprio umbigo. Quem ama enxerga o outro, e o enxerga muito bem. O que acontece é que ao invés de usarmos apenas as retinas, passamos a usar também o coração. Piegas né? Mas é verdade, juro. Pode reparar. Por mais que o cérebro (sempre um pouco mais lerdo) demore a perceber, ou até finja que não percebeu, o coração teima em enxergar e te mostrar a verdade. É, essa verdade aí ó, bem na sua cara, debaixo do seu nariz. Às vezes essas verdades nos machucam, mas eu sempre fui de preferir uma sinceridade cruel à uma gentil mentira. Quer saber? Faça o seguinte: da próxima vez que for ao oftamologista, peça a ele, depois de examinar seus olhos, para examinar também seu lado esquerdo do peito. Quem sabe você não anda precisando de um colírio, pra enxergar a felicidade que mora bem ao seu lado?

sexta-feira, 2 de maio de 2008

RESOLUÇÕES PARA O ANO NOVO

Uma vez li que a medida que o tempo passa vamos ficando acomodados. Não concordo. Acredito que todos nós já nascemos acomodados. Ninguém, no fundo, quer realmente mudar. É fácil esboçar uma lista de resoluções pro ano novo ou dizer simplesmente que começaremos a dieta ou a hidroginástica na próxima segunda-feira. Contudo, ninguém quer largar a vida que leva, as coisas que gosta e as coisas habituais para ir morar no Taiti, viver em uma cabana e dormir numa rede. Por mais que a idéia seja boa (iguais são nossas listas de ano novo), na hora de fazer as malas, comprar a passagem e programar a festa de despedida, bem, é exatamente nessa hora que sentimos aquele arrepio frio na espinha e percebemos que não somos tão corajosos como pensávamos ser. Mudar é difícil, admita! Mesmo que as coisas estejam ruins, é incrível como ainda assim é difícil desvincular-se delas. Acontece que quando não fazemos nada a fim de melhorar aquilo que nos incomoda, quando, com a ajuda da nossa grande carpinteira 'acomodação', construímos uma grande parede de proteção contra o desconhecido, não somos só nós que saímos perdendo. Na hora de levantar as mangas e mudar os móveis de lugar pensamos em tudo, menos no que realmente queremos. Pensamos na família, nos amigos e até no papagaio. Pensamos na saudade que sentiremos daquela mobília ali, na falta que aquela mesinha de centro vai fazer ali e, principalmente, pensamos no novo, no desconhecido. Acredito que apesar de sermos todos uns eternos acomodados, as mudanças fazem parte da construção e da manutenção da nossa identidade, do nosso verbo to/be. Acredito que quando não as temos por vontade própria, a vida nos obriga a aceitá-las. O engraçado é que sofremos apenas quando não as aceitamos. E o pior é que raramente aceitamos.