Hoje fui contemplada com a oportunidade de assisir ao filme/documentário Estamira. E como fiquei encantada com ele, o documentário, e com ela, a protagonista.
Estamira é uma mulher que vive num lixão no Rio de Janeiro. Possuidora de uma incrível articulação para a fala, ela constrói uma narrativa que, apesar de parecer distoricda e totalmente ilusória à primeira vista, é cheia de verdade e conhecimento. Estamira divaga sobre o homem em sua pior forma, na forma de mentiroso, hipócrita, "esperto ao contrário", assaltante. Divaga sobre sua descrença em Deus, sobre a química do lixão, sobre o atendimento médico que recebe, sobre sentimento e emoção. Tudo acompanhada de muito humor, raiva, choro e gritos, simultaneamente.
Estamira é filósofa, guerreira, louca, lúcida e feiticeira, Estamira é várias mulheres em uma. Ela é o que é e não abre mão disso. O documentário acaba com ela em frente ao mar, dizendo:
"Sabia que tudo o que é imaginário existe? E é? E tem?"
Diante disso, fica a pergunta:
Quanto de loucura há na suposta lucidez e quanto de lucidez há na suposta loucura?