segunda-feira, 2 de março de 2009

INFINITO PARTICULAR

São nas idas/voltas da faculdade que tenho um tempinho pra relaxar a cabeça e pensar. Vou e volto ouvindo meu mp3 e, às vezes, só pra passar o tempo, fico analisando as letras das músicas que tocam aleatoriamente. Geralmente eu nunca consigo analisar nada e o tempo não passa. Mas outro dia, quando tocava "Los Hermanos - Retrato pra Iaiá" me peguei balançando a cabeça e discordando de Camelo e Amarante. Me desculpem, meus queridos, mas qual é a graça de ter uma "moldura clara e simples e ser só aquilo o que se vê"? Cadê o mistério? Não vejo nenhuma vantagem em ser assim, tão fácil de ser decifrada. E, cá pra nós, nenhum ser humano é tão claro e tão simples assim - ainda bem!

Acaso ou não, logo depois de Los Hermanos veio a linda Marisa Monte, com "Infinito Particular". Acho inteligentíssima a maneira como ela consegue se colocar transparente, imperfeita e até mesmo fácil de ser lida e ainda assim pedir, gentilmente, pra que a gente não se perca no seu infinito particular. É exatamente isso que somos. Vários pedaços simples que formam uma obra de alta complexidade.

A questão não é ser (ou não) transparente e claro. A questão é que nenhuma personalidade (que se preze) possa caber num retrato-falado. Há sempre mais e mais a ser descoberto, pelos outros e por nós mesmos. Quem aí nunca se surpreendeu ao descobrir ser mais tímido que extrovertido? Ao sempre dizer que não se emociona fácil e chorar naquele filme?

Ninguém, nunca, consegue se mostrar por inteiro. Mas isso também não quer dizer que somos mascarados ou que nos escondemos. Continuando com Marisa, "é só mistério, não tem segredo". E lembrem-se que a transparência não é um defeito, só não pode ser confundida com a falta de conteúdo.

5 comentários:

João Dobbin disse...

Amor, no caso do Los Hermanos, ele se refere à transparência com o amor dele, ser sincero, simplificar mais as coisas. O refrão mesmo 'Deixa ser como será', é buscando a simplicidade...por ex o começo da música 'Se eu peco é na vontade de ter um amor de verdade', o problema dele é sempre querer O amor de verdade, o retrato que a música se refere seria a essa simplificação das coisas,ser honesto na relação. Não creio que ele se refira ao 'ser' mas sim a relação dele e uma suposta 'iaia'. Na letra parece que a tal garota que complicou as coisas, ele o tempo todo diz que tentou ser natural, simples, a moldura clara. Pelo menos foi dessa forma que eu entendia a música...dá uma olhada em cada estrofe. Sobre Marisa Monte vou me omitir porque não gosto.

Juliana disse...

Iaiá é que estava certa... complicou, complicou e acabou ganhando uma música. Nada nesta vida tem graça se for muito claro e muito simples!! O ser humano não é nada disso, porque seur elacionamento, sentimento e modo de agir seriam??

João Dobbin disse...

A questão é da simplicidade no que se diz respeito a transparência e sinceridade. Não na facilidade do relacionamento em si.

Juliana disse...

O que eu quis dizer foi que não é tão simples assim ser 100% sincero e transparente. Ainda mais em um relacionamento!

João Dobbin disse...

Não é, mas ele foi!