quinta-feira, 24 de abril de 2008

(SOBRE)VIVÊNCIA

Não...
Nunca foi tão simples me decifrar.
Sou neta, filha, mãe, irmã, namorada, amiga.
Sou mais do que é ser mulher.
Mais do que rasgar o verbo, gritar.
Mais do que explorar as emoções até que elas me cansem - ou eu me canse delas.
Até me assusto, surpreendida com o que percebo em mim.
Tantas e quantas vezes o que parece óbvio é um mistério indecifrável.
É como se o peso das correntes tivessem o poder de me libertar.
Ou o que parecesse fraqueza, pudesse ser minha vontade de ter forças.
Sou tantas e quase nenhuma.
Amor e ódio.
Exclamações e interregações.
Eu já fui mais clara. Mais vítima das minhas agonias.
Eu já fui mais ansiosa por respostas tolas.
Eu já fui mais as pessoas. Os sonhos. O porque. O porém. O tudo. O nada.
Hoje - desesperadamente, necessariamente - eu sou aquilo que preciso.
Aquilo que num tropeço, perco.
E na força, encontro.

terça-feira, 22 de abril de 2008

THE SHINING

Vou postar rapidinho só pra compartilhar com vocês essa excelente edição que mostra, num trailer, o filme "O Iluminado" como se fosse uma comédia super água-com-açúcar! Jack Nicholson nunca esteve tão romântico! Vale a pena ver:

http://www.youtube.com/watch?v=zuaYk-yDAgc

segunda-feira, 21 de abril de 2008

SOBRE MINHAS UTOPIAS

Moro em uma casa, com minha mãe e minha irmã mais nova. Saio com meus amigos, mas ultimamente tenho estado ausente. Acordo atrasada todas as manhãs pra pegar o ônibus e ir pra faculdade. Estudo sempre quando dá. Tenho a grande utopia de poder almoçar com meu pai pelo menos uma vez por semana. Gosto de cores, particularmente da cor verde. Odeio lavar louça. Ouço qualquer tipo de música, mas vem do meu humor a grande influência na música escolhida.

Me considero normal. Tão normal a ponto de ser acusada de plagiadora por algum leitor aleatório deste blog me dizendo que também gosta de verde e que também vai de ônibus pra faculdade. Mas não é isso que me intriga. Eu não ligo se me encaixo, ou não, em algum rótulo. Talvez eu me encaixe em vários, talvez não me encaixe em nenhum. Mas quem é que decide onde eu, simples e otária humana, me encaixo? Os que se julgam superiores a mim intelectualmente? Os que conseguem traçar meu perfil sociológico em apenas um minuto com uma análise baseada no que eu visto? Ou os que por pura e mera falta do que fazer me colocam em qualquer 'prateleira', sem definição ou explicação alguma? Pergunta que não tem resposta, eu sei - caso tenha e eu desconheça, por favor, me ajudem a continuar sendo uma ignorante nessa questão. Não me interessa saber quem dita as regras ou quem aprova as leis, visto que se eu souber é bem capaz de ser presa por homicídio doloso e passar a ter na mídia um espaço maior que o 'Caso Isabella'.

(Já que foi citado, esse caso fica como exemplo de como nossa sociedade impõe opiniões e de como nós engolimos essas opiniões como se fossem arroz com feijão - é tudo inconsciente, não se culpem! Todas as ações são minunciosamente ensaiadas e as falas previamente decoradas. Pra perceber, só precisa reparar os fatos com mais atenção, juro. Repare na reação dos pais da menina, na frieza da polícia, na demora da perícia, na revolta do povo, no discurso feito pelo advogado de defesa, na notícia dada pela apresentadora do jornal das oito, etc.)

Tudo é programado para que sintamos medo 24h por dia. Medo de ser assaltado, de ser bombardeado, de pegar dengue, de ser jogado pela janela, de ser assassinado pelos filhos, de ser comido por tubarões, enfim, tudo se resume a ter medo de viver e a ter medo de ir contra quem dita as regras e quem aprova as leis. O que há de vantajoso em ser 'normal' e fazer o que todo mundo faz?

Escola, faculdade, trabalho, casamento, filhos, televisão, amargura, velhice, sensação de coisas perdidas, frustrações, doenças, depedência, solidão, morte. Pra quê viver uma vida ditada pelo sistema? Apesar das nossas grandes evoluções nós ainda somos seres humanos, ainda somos animais - sim, você também é, não adianta fugir. Não me basta apenas existir. Eu preciso viver, preciso quebrar as estatísticas, preciso parar de acordar atrasada e preciso almoçar com meu pai uma vez por semana. É pedir muito?

sábado, 19 de abril de 2008

O EQUILIBRISTA


Picadeiro, redes de proteção, escada, corda, eu. O objetivo é chegar à outra plataforma. Logo eu que sou tão impulsiva e tão ansiosa tô correndo esse risco, tô me aventurando.

É tão emocionante estar no meio desse caminho agora. Sentir as pernas e o corpo todo tremerem a cada passo. Fazer pausas para respirar e recuperar o equilíbrio nos momentos de desespero. Sentir vontade de sorrir e chorar ao mesmo tempo. Parar de ouvir a voz arrogante da razão e deixar que o coração me guie, ouvindo sua doce voz me dizendo que eu vou conseguir.

Serei mais forte a cada passo dado, me superando sempre que possível. Sei que a queda não será fatal. Caso aconteça, as redes de proteção estão lá, eu até as enxergaria se pudesse olhar para baixo. Poderia ver também os olhos aflitos dos que me amam, ou os olhos maldosos dos que torcem para que eu me desequilibre. Poderia até escutar a voz de todos eles se quisesse, mas na verdade não quero.

Meu único objetivo agora é chegar ao outro lado. Meus olhos, ouvidos e coração estão lá. Minha atenção está toda voltada pra isso e nada mais me importa ao meu redor. Se serei vaiada ou aplaudida ao final do espetáculo, não sei e nem quero saber. O que me conforta é que poderei gritar em alto e bom som que eu tentei, que fiz o meu máximo.

Alcançar um objetivo é importante. Mas muito mais importante - e prazeroso - é o que aprendo no decorrer do caminho que leva à ele.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

AMOR PRA RECORDAR

Dentro de todos nós sempre existe algo que ninguém tira, uma recordação só nossa, guardada a sete chaves. Todos nós, até os mais desacreditados, temos um amor pra recordar. Um amor que, por um tempo, foi nosso doce preferido, mas agora não é mais. Porque ficou pra trás, ou se perdeu pelo tempo e pela distância, ou por outros mil motivos, na verdade não importa. Esse ex-amor pode servir para nos acalmar em momentos de conflitos internos, para dar inspiração quando ela insiste em não vir e pra que, na dor, a gente se lembre que sempre haverá razões para um sorriso.

Um dia a gente aprende que quem viveu um amor de verdade e foi recíproco, já teve parte da sua existência mais que justificada. Um amor pra fazer lembrar os momentos felizes, não há preço que pague.

Quando você deu seus melhores sorrisos e quando viveu suas melhores horas - aquelas que passam depressa sem que a gente se dê conta. Um amor pra recordar e nos fazer, quase sempre, lamentar por não ter dado o devido valor a alguns momentos que somente pareciam eternos, mas não eram. Ele existe pra fazer com que a gente compreenda o verdadeiro sentido do "aqui e agora" e do "viver intensamente como se fosse a ultima vez".

Esse tipo de amor, mesmo sendo parte íntegra do seu passado, vai estar em algum lugar do seu presente. Não sempre, de vez em quando. Ou quando você sentir que está perdendo as forças. Você o terá pra recordar entre as fotos, as canções, os e-mails e mais que isso, terá sempre as lembranças mágicas de amar e sentir-se amado (só experimentando pra saber).

Amores assim que também te ensinam o quanto as lamentações só servem para chegar até metade do caminho. Depois disto, você acaba aprendendo que só vale a pena levar consigo aquilo que foi bom. Não era pra ser eterno, oras! Algum dia acaba ficando morno, e dói, dói muito. Até que um dia a ferida se fecha e, nem isso, nem todo o sofrimento, todos os travesseiros molhados e todas as noites perdidas, tiram o seu valor. Aquele inesquecível beijo na chuva, acredite, é o que deve ficar depois da forte tempestade passada.

Um amor vai ter sempre o seu momento. E depois vai ficar guardado lá no fundo do coração, só pra você recordar.

SIM OU NÃO?

Ele abre a porta, acende a luz. Ela entra.
- Pode ficar numa boa, não tem ninguém em casa.
Ela se senta tímida no sofá, acaba por abraçar uma almofada.
- Quer tomar alguma coisa? - pergunta ele, sentando-se ao lado dela.
- Ainda não, obrigada.
Ele estica o braço pelo encosto do sofá, devagar, por trás do pescoço dela. Chegando mais perto...
- A noite hoje é só nossa. - diz, ao pé do ouvido.
Ela sente o coração disparar no peito. Sente uma vontade de gritar: "NÃO". Quer ir embora, fugir dali. Respira fundo. Fica com raiva de si mesma. "O que eu sou, afinal? Uma menina infantil e boba? Fui eu quem quis vir!"
- Acho que quero tomar algo, sim. - diz, tentando espantar a ansiedade.
- Tá, peraí...
Ele vai até a cozinha, ela o acompanha com os olhos. Afunda-se cada vez mais no sofá.
- Toma! - ele lhe estende o copo com suco.
Ela toma um gole. Ele então se esparrama no sofá e respira fundo. Estaria ele também nervoso? Ela coloca o copo sobre a mesinha.
- Desculpa, acho que tô meio nervosa...
- Tudo bem...
E agora é ela quem chega mais perto. Apóia a cabeça nos ombros dele. Ele a abraça acariciando os cabelos. Com a outra mão, segura o rosto dela e a beija na boca. É bom estar em seus braços. Ele a puxa para o colo e a envolve ainda mais. Aperta-lhe os seios. Ela sente um frio na barriga, segura-lhe a mão. Os dois se olham. Ele, então, toca-lhe a barriga, segura a ponta da blusa e vai levantando devagarinho, sempre olhando nos olhos dela como quem diz: "Posso?". Ela ajuda levantando os braços, deixando a blusa deslizar. Ele encosta a cabeça no peito dela, deslizando o rosto pelo sutiã. Abraça-a, e o desabotoa por trás. Beija com carinho os seios dela. Deita-a no sofá e vai descendo, beijando-lhe a barriga. Ela está estática. Medo, nervoso, timidez? Tudo isso misturado a uma sensação de prazer. Ela acaricia-lhe os cabelos. Ele a olha de novo, põe a mão no botão da calça e vai descendo o zíper; puxa a calça dela com cuidado. Ela agora está só de calcinha. Ele se levanta e tira a própria blusa, prepara-se para tirar a calça. Ela olha pro corpo a sua frente, examina seu próprio corpo deitado no sofá. Um misto de sim e não a invade. Posso? Devo? Quero? Ela se senta, então. Agora é ele quem pára. Ela se abaixa, pega sua calça no chão e a traz para perto do corpo, como se estivesse querendo se cobrir. Olha nos olhos dele. Estaria tudo acabado? Ele fica confuso, até que ela estende a mão e do meio dos seus dedos surge uma camisinha. Ele a olha, e termina de tirar a própria roupa. Ela joga as delas novamente no chão, aliviada por ter criado tamanha coragem, sentindo-se agora mulher.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

HAPPY PILLS

A carência excessiva é um bicho-papão. É ela que faz a gente gastar o que não tem, exigir o que não pode e querer o que não deve. Por trás dos chocolates, dos amores, dos amigos, da família e dos remédios há sempre uma luta travada contra o coquetel feito à base de insegurança e carência que nutre esta simplória e vulnerável alma que vos escreve.

É nessa constante batalha - sempre sem vencedores - que acabo por escancarar o que chamo de "meus pequenos sentimentos": a inevitável auto-piedade, a incrível dependência do outro e o cego egoísmo. Eles insistem em dar as caras quando a carência chega e o coração aperta. Exijo demais, fantasio demais, choro demais. Os sentimentos tomam proporções tão absurdas que quase não sobra espaço pra razão. Esqueço do que realmente é composta minha base, de quais são as minhas prioridades. Qual o motivo da supervalorização daquilo que, pra minha saúde mental e física, não tem valor medicinal algum? De quantos comprimidos para dor de cotovelo ainda vai se compor essa triste história de insatisfação e desilusão?

É difícil saber se esse estado entorpecido devido à remédios vai durar ou se vou acabar sóbria depois de tantas cabeçadas na parede. Parece que a causadora mor dessa "entorpecarência" vai ter que ficar no porta-comprimidos até então, guardada pro momento exato, pra não viciar.