segunda-feira, 21 de abril de 2008

SOBRE MINHAS UTOPIAS

Moro em uma casa, com minha mãe e minha irmã mais nova. Saio com meus amigos, mas ultimamente tenho estado ausente. Acordo atrasada todas as manhãs pra pegar o ônibus e ir pra faculdade. Estudo sempre quando dá. Tenho a grande utopia de poder almoçar com meu pai pelo menos uma vez por semana. Gosto de cores, particularmente da cor verde. Odeio lavar louça. Ouço qualquer tipo de música, mas vem do meu humor a grande influência na música escolhida.

Me considero normal. Tão normal a ponto de ser acusada de plagiadora por algum leitor aleatório deste blog me dizendo que também gosta de verde e que também vai de ônibus pra faculdade. Mas não é isso que me intriga. Eu não ligo se me encaixo, ou não, em algum rótulo. Talvez eu me encaixe em vários, talvez não me encaixe em nenhum. Mas quem é que decide onde eu, simples e otária humana, me encaixo? Os que se julgam superiores a mim intelectualmente? Os que conseguem traçar meu perfil sociológico em apenas um minuto com uma análise baseada no que eu visto? Ou os que por pura e mera falta do que fazer me colocam em qualquer 'prateleira', sem definição ou explicação alguma? Pergunta que não tem resposta, eu sei - caso tenha e eu desconheça, por favor, me ajudem a continuar sendo uma ignorante nessa questão. Não me interessa saber quem dita as regras ou quem aprova as leis, visto que se eu souber é bem capaz de ser presa por homicídio doloso e passar a ter na mídia um espaço maior que o 'Caso Isabella'.

(Já que foi citado, esse caso fica como exemplo de como nossa sociedade impõe opiniões e de como nós engolimos essas opiniões como se fossem arroz com feijão - é tudo inconsciente, não se culpem! Todas as ações são minunciosamente ensaiadas e as falas previamente decoradas. Pra perceber, só precisa reparar os fatos com mais atenção, juro. Repare na reação dos pais da menina, na frieza da polícia, na demora da perícia, na revolta do povo, no discurso feito pelo advogado de defesa, na notícia dada pela apresentadora do jornal das oito, etc.)

Tudo é programado para que sintamos medo 24h por dia. Medo de ser assaltado, de ser bombardeado, de pegar dengue, de ser jogado pela janela, de ser assassinado pelos filhos, de ser comido por tubarões, enfim, tudo se resume a ter medo de viver e a ter medo de ir contra quem dita as regras e quem aprova as leis. O que há de vantajoso em ser 'normal' e fazer o que todo mundo faz?

Escola, faculdade, trabalho, casamento, filhos, televisão, amargura, velhice, sensação de coisas perdidas, frustrações, doenças, depedência, solidão, morte. Pra quê viver uma vida ditada pelo sistema? Apesar das nossas grandes evoluções nós ainda somos seres humanos, ainda somos animais - sim, você também é, não adianta fugir. Não me basta apenas existir. Eu preciso viver, preciso quebrar as estatísticas, preciso parar de acordar atrasada e preciso almoçar com meu pai uma vez por semana. É pedir muito?

Um comentário:

Paulim disse...

há uma diferença entre alienação e conformismo. você vai fazer o que, virar hippie? organizar uma passeata? matar o presidente?

get used to it.