domingo, 28 de dezembro de 2008

HO HO HO

Natal é sempre uma coisa boa, né?
A família fica mais unida, as pessoas se abraçam mais, a cidade fica toda iluminada, as casas mais receptivas e até as comidas são mais gostosas. Eu queria que fosse sempre assim. Queria que não fosse preciso uma data específica para fazer a gente perceber quão importantes e quão especiais são aqueles que fazem parte de nossas vidas. Queria que todo dia fosse Natal e que o Papai Noel não fosse só mais um grande símbolo do capitalismo!

Feliz Natal pra quem me lê...

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

PUTZ! TÁ FALTANDO...

Algo sempre nos falta. É impressionante, podemos estar em pleno conforto, ter tudo o que precisamos, conseguir aquilo que queremos... mas sempre, sempre falta algo. Estamos todos na busca do melhor. Queremos sempre ser pessoas melhores, mais respeitadas, mais dignas. Não julgo, também sou assim. Só não entendo por que a satisfação é tão difícil (ou impossível) de ser alcançada!

Uns viajam, outros ganham promoções no trabalho, alguns fazem três faculdades diferentes, outros vão para templos budistas, uns jogam na loteria, outros pagam a Igreja... enfim, não importa o que você faça para se tornar uma pessoa melhor, você sempre faz alguma coisa. E por mais que você já seja uma pessoa incrível, nunca é suficiente. Quanto mais nos tornamos bons, mais exigentes (e pés no saco) ficamos.

Eu não quero pregar aqui que "inércia" seja uma coisa legal. Não! Eu, particularmente, odeio ficar estagnada. Passo meus dias reclamando que não faço nada e que estou me tornando burra. O que está em pauta aqui é por que o ser humano nunca consegue matar sua sede. Eu sou humana e estou faminta.

"Algo sempre nos falta — o que chamamos de Deus, o que chamamos de amor, saúde, dinheiro, esperança ou paz. Sentir sede, tudo bem, faz parte. Mas atormenta. Busque o que te falta sem dor nem culpa, embora doa, e em segredo." (Caio F.)

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

DESABAFO

Vou quebrar minha regra de não postar duas vezes no mesmo dia, mas tô precisando desabafar e a minha melhor opção agora, às 0h31, é o meu querido e ótimo amigo blogspot. Não é bem uma regra, mas sabe essas coisas pequenas que a gente simplesmente estabelece e quando percebe já tá fazendo? Pois é... só quis esclarecer pra não me acharem louca, mas acho que acabei piorando. Que seja, eu quero escrever porque o que escrevo aqui é meu, só meu. São as minhas palavras, minhas letras, minhas idéias. E tá, é claro que eu podia sim, muito bem, escrever no meu diário, mas não teria graça... desabafar num lugar tão amplo e nada íntimo como a internet é bem mais excitante!
Então, se é pra falar, eu vou falar. Avisa pro mundo inteiro que eu não sou adulta, tá? Que esse escudo aqui é todo de mentirinha, feito de isopor. Conta também que eu sou um poço de carência, que quando tô doente fico querendo minha mãe. Conta que de manhã eu não quero ir pra escola e que, mesmo fingindo que não, eu tô pedindo colo.
Avisa pro mundo que apesar da lei da gravidade, o que eu quero mesmo é voar. Que mesmo quando uso uma fala bonita e polida, ainda continuo sendo uma tremenda estúpida. Sei lá, pode dizer por aí que eu prefiro dormir enquanto esperam vitórias de mim.
Avisa pro mundo que eu vejo desenho animado. Diz que mesmo que eu já trabalhe, na alma eu ainda brinco de pular corda. Avisa que eu sei que a vida acaba, mas que pretendo estender minha fase infantil até a terceira idade e que é maldade contrariar uma criança que acredita num sonho.
Conta que eu quero ser o Peter Pan, embora ande mais pra Capitão Gancho. Conta que eu aceito engolir a vida só se ela estiver muito quente ou muito fria. Conta que se a vida for morna, eu posso acabar vomitando.
E olha, não esquece de avisar que embora não haja o menor sentido em nada disso que eu escrevo, é assim mesmo que eu me sinto...

TPM

O grandioso ato de se trocar uma lâmpada pode variar muito, acredite. Quando a gente se pergunta quantas pessoas são necessárias para que uma lâmpada seja trocada, bem, isso depende muito do tipo de pessoa que vai realizar o ato.

Se forem gays, precisaremos mais ou menos de uns cinco, um para trocar e outros quatro para ficar gritando: Vai lá! Linda! Poderosa! Maravilhosa! Divina! Tuuudoo!

Se forem coroas, precisaremos de duas: uma chama o eletricista e a outra prepara os drinques.

Se forem psicólogos, precisamos de apenas um, mas é imprescindível que a lâmpada QUEIRA ser trocada.

Loiras, precisaremos de seis. Enquanto uma segura a lâmpada, as outras giram a cadeira.

Se for um bêbado, ele sozinho conseguirá trocar a lâmpada. Ele a segura enquanto o teto roda.

Ativistas lésbicas? Não será preciso nenhuma, já que lâmpada não precisa mudar para ser aceita pela sociedade.

Machões? Também nenhum. Macho não tem medo do escuro.

E se por acaso for uma mulher com TPM?
Bem, será ela. Só ela! Sozinha!! Porque ninguém dentro de uma casa sabe como trocar uma lâmpada! São um bando de IMPRESTÁVEIS!!! Eles nem percebem que a lâmpada queimou! Eles podem ficar em casa no escuro durante três dias antes de notar que a porcaria da lâmpada está queimada! E quando eles notarem, vão passar mais cinco dias esperando que EU troque a lâmpada, porque eles acham que eu sou a ESCRAVA deles!!! E quando eles se derem conta de que eu não vou trocar a lâmpada, eles ainda vão ficar mais dois dias no escuro porque não sabem que as lâmpadas novas ficam dentro da porcaria da dispensa! E se, por algum milagre, eles encontrarem as lâmpadas novas, vão arrastar a poltrona da sala até o lugar onde está a lâmpada queimada e vão arranhar o chão todo, porque são INCAPAZES de saber onde a escada está guardada! É inútil esperar que eles troquem a lâmpada, então sou eu mesmo quem vai trocá-la! E como eu sou uma mulher independente, vou lá e troco! E SOME DA MINHA FRENTE!!!

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

DEVANEIOS

Meio embriagada de preguiça e tédio, usando de todas as minhas forças pra levantar da cama, obriguei-me a um banho habitual. Debaixo do chuveiro sem ter o que fazer, li escrito em uma embalagem de condicionador: NUTRE E REVITALIZA. Tive vontade de beber do pote até a última gota.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

POR HOJE, EU QUERIA....

Fazer metáforas de coisas óbvias
Decifrar questões de lógica indecifráveis
Entender as equações que explicam o universo
Dissolver as minhas dúvidas até transformá-las em sonhos



Mas acho que um chocolate quente já me acalma o espírito.
Por hoje, só por hoje...

domingo, 30 de novembro de 2008

TRIMESTRE

Mais trinta dias. Com eles, são somados os nossos três meses. Três meses de uma convivência intensa, de um amor que não tem mais pra onde crescer.

Gosto de pensar que o Gabriel é como uma árvore.
Começou como sementinha na minha barriga, cresceu lá dentro como uma planta, nasceu como nascem as flores, conheceu a luz do sol e as lágrimas, está sendo cultivada e não pára de crescer. Derrubou as paredes e o telhado de nossas casas para dar mais espaço aos seus galhos e à essa imensidão de sentimentos tão simples e tão belos. Gerou frutos deliciosos no coração da gente e no de cada um que parou para parabenizar, para fazer elogios ou, simplesmente, para admirar.

Gabriel, parabéns, meu filhote!
E obrigada por ter me apresentado o mais singelo e intenso de todos os sentimentos.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

BOTE SALVA VIDAS

Ai, estou saudosa hoje! Quantas saudades da minha faculdade, dos meus estudos, do prazer que eu sentia ao pisar na Fumec, do pastel assado de frango da cantina. Quantas saudades das tardes ociosas, do "nada-pra-fazer", de passar dias na casa de uma amiga sem ter com o que me preocupar. Quantas saudades de dormir e acordar a hora que eu quiser, de tomar café ao meio-dia e almoçar às 16h, sem me preocupar em ter uma alimentação e uma rotina mais saudáveis. Quantas saudades de poder sair sem avisar, não ter hora pra ir nem pra voltar, de sair três, quatro, até cinco vezes por semana sem me sentir culpada...

Grandes poderes vêm acompanhados de grandes responsabilidades. O Gabriel veio e trouxe pra mim, além de tudo, um crescimento e amadurecimento intenso, imediato. Às vezes é difícil assimilar tudo isso, mas quem disse que a gente precisa entender tudo que a vida nos traz? O que nos cabe é aceitar o tempo que nos foi dado, e não digo isso como uma forma de conformismo barata. É mais prazerozo, e mais sábio, aprender a nadar junto com a correnteza e visitar lugares ainda desconhecidos, do que continuar nadando contra ela e acabar morrendo na praia.

No mais, só ficam as saudades daquela outra praia que eu costumava visitar... aquela praia chamada "Adolescência".

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

MEDO

Parei pra pensar e descobri que tenho medo de tudo. Medo de morrer, medo do escuro, medo de envelhecer, medo de fantasma, medo de alguma coisa dar errado, medo de ser assaltada, medo de barata, medo de mudar, medo de mim, medo da vida.
Das duas, uma: ou eu tenho muita auto-defesa ou então eu sou muito covarde.


Update: "Ou humana."

terça-feira, 11 de novembro de 2008

DO AMOR

- Ei, te amo!
- Amo você, meu amor.
- Te amo tanto...
- Te amo muito.
- Tchau, te amo.
- Mais que amo você.
- I love you
- Quer almoçar? Te amo!
- Te amão!!
- Amo você demais.
- Amo-lhe
- Eu te amo
- Bom dia, amo você!
- Tinhamu...
- Tchamo!
- Euteamojoão
- Oãojomaetue


Não tem mais jeito de expressar com palavras.
A solução é sentir...

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

QUESTÃO Nº 2

As pessoas exigem demais. Fazer amigos, não.
A gramática exige demais. Escrever, não.
Economizar dinheiro exige demais. Gastar, não.
A vida exige demais. Viver, também.

Por que não nos transformamos em grandes clichês de livros auto-ajuda? Tranformamos nossa vida numa ciranda-cirandinha-bem-lalari-lará, assim, só pra variar?

A resposta é fácil.
(Exige demais.)

terça-feira, 4 de novembro de 2008

QUESTÃO Nº 1

Nao importa o tamanho ou a importância das pessoas que estão ao seu lado. No fim do dia, no fim das contas, a gente sempre acaba percebendo que nós só podemos contar com nós mesmos. E como dói perceber isso... não é?

No ombro de quem a gente chora nessas horas?

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

2 MESES

Hoje o Gabriel completa 2 meses. O segundo mês, ao contrário do primeiro, passou voando! Gabriel tá cada dia mais gordinho e mais esperto! É incrível perceber os pequenos traços da sua personalidade já se formando. Tenho certeza que vai ser teimoso, bravo, marrento e implicante... mas, sinceramente, não sei de quem ele puxou essas características tão fortes, já que eu e o João somos pessoas muito serenas e livres de quaisquer tipos de teimosia, braveza, marra e/ou implicância (hehehe).

Nesse último mês, Gabriel parou de ter cólicas e começou a descobrir que quando chora a atenção se vira toda para ele. Bebês são mais espertos do que eu pensava, e com o passar do tempo ele está ocupando cada vez mais o meu tempo livre. Antes, já sinto saudades, era só mamar e dormir. Hoje não, hoje ele exige atenção e exige que todos nós fiquemos olhando para ele o tempo todo. Não que isso seja ruim, ao contrário, é simplesmente lindo ficar assistindo seu desenvolvimento. Ele já acompanha a gente com o olhar (e que olhar) e balbucia pequenas palavras, como "angúúúú".

Ele vai se descobrindo a cada dia, a cada mês. Parece que já descobriu que a garganta pode fazer barulho, que as mãos podem se mexer e agarrar meus cabelos, que o choro chama atenção e que dormir o dia inteiro é chato. Nessa brincadeira séria de ser mãe, eu acabo me (re)descobrindo também. A cada dia, a cada mês...

terça-feira, 21 de outubro de 2008

TIM TIM

Tenho estado feliz. Explicavelmente feliz. Não que eu goste de explicações, acho até que prefiro as coisas inexplicáveis, os mistérios... mas ultimamente não tem sido exatamente assim.

É só perguntar o por quê do meu sorriso e lhe darei vários motivos para sua existência. Vários, pequenos e simples motivos, que poderiam até me fazer flutuar se eu não fosse tão assim, tão pé-no-chão. Acho incrível essa sensação de leveza que experimentamos quando somos felizes, mesmo que seja apenas por alguns segundos.

Proponho um brinde à vivacide. Um brinde à essa simplicidade e leveza dos sentimentos e das pequenas coisas da vida que nos fazem feliz, todos os dias. Como um leve vento no rosto, ou um bonito pôr do sol, ou um abraço, um beijo, um carinho.

Viva!

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

TEMPO MANO VELHO

O que você fez este ano? Comprou um carro? Estudou até não poder mais? Quem sabe ajudou sua mãe com aquela reforma na cozinha, ou ainda comeu demais e agora quer emagrecer pro verão? Bom, na verdade, tanto faz. Eu não sou nenhuma vidente nem tenho a inteligência acima da média, mas sou capaz de apostar que você está se preocupando apenas com as coisas que não fez, certo? Se sua resposta for positiva, não se desespere. No fundo estamos todos assim, preocupados com a rapidez com que os anos acabam e preocupados, ainda mais, com as nossas pendências, que só parecem aumentar a cada Reveillon que se passa.

Na real, o que não queremos aceitar, de maneira alguma, é que aquela velha história de que somos reféns do tempo é realmente verdade. Sim, reféns do relógio, do despertador, do horário de almoço e das noites mal dormidas. Vivemos em um mundo comandado pelos calendários e pelas agendas, e apesar de acharmos essa correria nada confortável, não fazemos nada para mudar nossa rotina.

Será que é por que ultimamente não temos tido tempo nem para pensar?

Ou será que é por que estamos cansados, com sono, com dor de cabeça e este assunto não é tão importante quanto aquele futebolzinho ou quanto a novela das oito? Bom, vai me admirar se você teve tempo para ler o texto até aqui! Agora só falta arranjar um tempinho pra criar vergonha na cara e depois, quem sabe, você terá tempo para desfrutar das maravilhas que a vida fora dos relógios pode te proporcionar.



Para ler ouvindo:

terça-feira, 30 de setembro de 2008

30 DIAS

Hoje é dia de comemorar um mês de Gabriel. Um mês de sono incompleto, um mês de fraldinhas sujas, de pomadas pra assadura, de cheirinho gostoso de neném, de choros desesperantes e de leite, muito leite! Um mês de aprendizado intenso, de testes de paciência a todo momento. Parece que foi ontem que senti as dores do parto, mas também parece que Gabriel sempre esteve aqui conosco, tamanho já é seu espaço em nossas vidas. Ele chegou assim, fazendo muito barulho e trazendo muita alegria. Hoje, depois de um mês, que antes sempre me passava batido e corrido (ao contrário de agora), ele continua fazendo mais barulho e trazendo mais alegria! A minha casa ficou mais colorida e mais cheirosa, mais aconchegante e mais quentinha nesses últimos 30 dias. O que importa na verdade é que, depois do Gabriel, um mês passado não vai ser só mais um mês. A partir de agora, todo mês passado vai ser considerado um mês de vitórias, de superações e de muitas recompensas. Porque, apesar de tudo, sempre vale a pena no final!

domingo, 28 de setembro de 2008

Zzzz...


Uma imagem vale mais que mil palavras.
Não vale?

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

GABRIEL, parte 2.

"Ai, meu pequeno...não vejo a hora de olhar dentro desses seus olhinhos, que serão brilhantes e cheios de vida, que serão atentos e não perderão um lance sequer de tudo o que acontece ao redor, que se puxarem os da mamãe não serão olhinhos, e sim, olhões. Não vejo a hora de conhecer você, conhecer seu cheiro. Eu aposto que você vai ser uma pessoa maravilhosa. Acho que vai ser um meninão cheio de energia, desses bem levados que às vezes precisam ficar sem sobremesa."
(18 de Julho, 2008)


Até agora as minhas expectativas só estão sendo superadas! Gabriel é lindo, lindo, lindo... é perfeito no seu delicado físico e já tem sua pequena e forte personalidade. Os olhos são semelhantes aos da mamãe, enormes e atentos. Os cabelos clarinhos, como os do papai eram quando tinha essa idade. Cade detalhe perfeitamente trabalhado, cada traço minuciosamente desenhado. O cheirinho de bebê inconfundível, mas mil vezes melhor. E que esperteza, "nem parece que esse menino tem só 15 dias". Juro, nunca pensei que pudesse ser tão emotiva, tão forte e tão fraca ao mesmo tempo. Minha presença aqui no blog não tem sido muito satisfatória, eu sei...mas é que eu nunca imaginei também que alguém pudesse passar tanto tempo só olhando um neném dormir. Gabriel é uma benção, uma dádiva - não sei ao certo se posso nomear. Meus dias (e noites!) têm sido exaustivos, mas imensamente gratificantes. Obrigada, meu filho, por ter nascido assim exatamente como você é e por fazer a mamãe se redescobrir a cada dia que passa! E obrigada, João, por ser este pai babão e sem jeito. Eu não conseguiria, nunca, passar por isso tudo sem você do meu lado! Amo vocês.

Beijos cheios do meu mais precioso carinho,

Mamãe.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

(RE)NASCIMENTO

Já faz um tempo que não escrevo, não sei se por falta de tempo ou por falta de palavras. Desde que Gabriel nasceu, eu, que sempre me vi rendida aos prazeres da escrita, não consegui sequer escrever uma frase a respeito dessa nova (e maravilhosa!) fase da minha vida.

Gabriel nasceu lindo e saudável. Enorme, e ao mesmo tempo pequenino. A mãe nasceu naquele exato momento em que seus olhos se encheram com a visão concreta de seu filho, um pedaço dela unido a um pedaço do pai, que também nascia ali, naquele exato e indescritível momento. Na sala de parto, junto ao sangue, à força, às contrações e à uma aliviante peridural, nascia não só Gabriel. Renasciam também a Ju-mãe e o João-pai. Nasciam também os desafios e a paciência. Nasciam as noites mal dormidas e as fraldas sujas.

Porém, por mais que eu tente, minhas meras e vagas frases são incapazes de descrever o que é renascer, o que é me descobrir e me ver mãe. Ali, na sala de parto, além de tudo que nasceu e renasceu conosco, nascia também uma forma completamente límpida e pura de amor. Um amor que conforta, que completa, que alegra e faz chorar. Um amor que, acreditem, é tão grande que chega até doer (e não há peridural neste mundo que anestesie, o que é melhor ainda).

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

TIC TAC TIC TAC TIC TAC TIC TAC

Hoje foi dia de consulta com o Dr. Reinaldo. É um alívio sair de lá sabendo que está tudo em perfeito estado comigo e com o bebê. Na semana passada, achamos que Gabriel ia se adiantar e acabou que quem se adiantou mesmo fomos nós, todos muito impacientes e ansiosos, principalmente eu. Ele está cada dia maior, isso é verdade, mas ainda continua aqui dentro dessa barriga imensa e "quentinha" (como tenho ouvido muito ultimamente) onde até seus movimentos mais delicados são visíveis.

A ansiedade é gostosa, confesso, mas aos poucos ela tem se tornado o mal do século. Já perdi a conta de quantas vezes arrumei a cômoda e de quantos jeitos diferentes coloquei as roupinhas e as coisinhas do Gabriel. Minha bolsa da maternidade, apesar de estar pronta há tempos, se vê com mudas de roupas diferentes a cada dia. Meu guarda roupa também tem sofrido esta semana, sendo invadido quase todos os dias para novas e intermináveis arrumações.

Acho que toda mãe de primeira (ou segunda, ou terceira, ou vigésima) viagem é assim, preenchida em sua totalidade por todos os sentimentos do mundo, simultaneamente. Ansiedade, ânimo, sensibilidade, mal-humor, bom-humor, felicidade, medo, impaciência, descontrole, fome, raiva, carência, paranóia, orgulho, ciúmes, amor, amor, amor, amor...

terça-feira, 19 de agosto de 2008

BOLA NA TRAVE

Hoje pensamos que a minha bolsa tinha estourado, mas ao consultar o Dr.Reinaldo, ficamos sabendo que foi apenas uma forma - natural - do corpo avisar que entrará em trabalho de parto em breve. Após realizado o ultrassom, o médico (muito bravo e carrancudo, mas competente) pôde concluir que Gabriel está um bebê "fortão" e acima da média de tamanho e peso para sua idade. Medindo 50cm e pesando 3,2kg, ele está com 37 semanas de idade, porém com porte de 39. A previsão dos médicos é para esta semana ainda. Salvo engano, nada além da primeira semana de setembro. Estamos no aguardo, Biel.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

GABRIEL

Ai, meu pequeno...não vejo a hora de olhar dentro desses seus olhinhos, que serão brilhantes e cheios de vida, que serão atentos e não perderão um lance sequer de tudo o que acontece ao redor, que se puxarem os da mamãe não serão olhinhos, e sim, olhões. Não vejo a hora de conhecer você, conhecer seu cheiro. Eu aposto que você vai ser uma pessoa maravilhosa. Acho que vai ser um meninão cheio de energia, desses bem levados que às vezes precisam ficar sem sobremesa.

Quando crescer, vai ser desses que lutam pela liberdade de escolher e inventar. Vai ser lindo por fora e, mais importante ainda, por dentro. Vai saber enfrentar as fases difíceis sem que se perca em drogas ou em qualquer uma dessas formas de escapismo baratas. Vai herdar do papai um forte senso crítico e da mamãe um delicioso senso de humor. Vai também herdar um pouco da nossa rebeldia, para que não seja uma pessoa que só sabe aceitar. Quero que seja capaz de reconhecer e de indignar-se com as injustiças mundanas, com a miséria, com a corrupção, com a destruição da natureza e com as guerras. Mas não quero que se deprima com tais injustiças, para todas elas existem solução.

Filho, tenho certeza que você vai ser muito inteligente, mas que vai saber usar a criatividade também, não se prendendo somente aos fundamentos. Vai saber ser sincero, sem ser cruel. Vai ser competitivo na medida certa, e não a ponto de querer levar vantagem em tudo. Quero que tenha muitos e bons amigos, mas que também saiba estar bem e ser feliz quando estiver só. Quero que saiba amar e respeitar a mulher que escolher para chamar de tua. Quero que seja extrovertido e determinado. Que não tenha segredos, só mistério. Que seja um pouco lúcido e um pouco louco.

Quero os cabelos lisos, cacheados, pretos ou loiros, tanto faz, mas que estejam sempre pedindo um cafuné. Que tenha os olhos verdes, amendoados, pretos, com grandes ou pequenos cílios, desde que seja um olhar direto e acolhedor, que saiba separar a aparência da essência. Que seja alto ou baixo, magro ou gordo, mas que tenha o coração enorme. Que goste de massas ou que prefira fast-food, que seja um engenheiro de sucesso ou um artista plástico amador, mas que nunca deixe de apreciar as pequenas e belas coisas da vida.

É, você nem nasceu e as expectativas aqui fora já são mil. Imagino que você também deva estar listando aí dentro tudo o quê quer que a mamãe e o papai sejam. Te adianto uma pequena coisa, bebê... Uma coisa que até os bebês são capazes de compreender. A mamãe inexperiente aqui, querido, já te ama muuuito, e isso é o que mais importa, hoje e sempre!

terça-feira, 8 de julho de 2008

P.S. GUESS WHAT...

Me disseram há uns dias atrás que está pra nascer coisa mais difícil de se colocar em palavras que o sentimento. Discordo - pra mim, não há prazer maior. No post passado, eu reclamei da falta de inspiração e recebi um comentário que me mandou buscá-la em outras fontes, caso a danada insistisse em não vir. Bom, eis aqui o que fiz: uni meu grande prazer de escrever sentimentalidades à minha grande fonte de inspiração. Sim, essa é uma carta pro meu amor, meu namorado, meu confidente, meu chão e meu céu. Acho engraçada a forma como quase não consigo me recordar dos tempos em que o João ainda não tinha aparecido nessa vida minha. É normal, pelo menos pra mim, ter recordações e saudades de tudo que já passou, e não tô dizendo que não as tenho, mas, ultimamente, tenho pensado muito no presente, ao invés de me dedicar ao passado. Presente no sentido gramatical da palavra, mas que também cai como uma luva no outro sentido. Presente, desses que a gente ganha quando menos espera e passa a vida inteira agradecendo a quem quer que tenha nos dado. Ter ele comigo, mesmo que em pensamento, ultrapassa qualquer concepção que eu já possa ter tido sobre o que é o amor e sobre o que é amar. É diferente, me faz bem, me faz sorrir até pelas coisas mais tolas. Lembrar da gente, das nossas tantas músicas, das intermináveis conversas, das horas que sempre passam como minutos, dos carinhos, tudo. Tudo isso faz com que eu me sinta incrivelmente confortável com você e, mais importante ainda, comigo mesma. O João é aquela famosa pessoa que sabemos, de imediato, que será inesquecível. Que nos fará parar e dedicar um dia inteiro de pensamentos só a ela. É você, meu amor, com quem eu quero dividir meus medos e minhas alegrias, até sempre. Sem dúvidas, digo que te amo como nunca amei antes. Apesar de ser pouco, já que o passar do tempo só vai fazer com que esse sentimento cresça, e, eu tenho certeza, que o meu "te amo" de amanhã vai ser bem maior e bem mais completo do que esse "te amo" de hoje. Só me resta deixar aqui um simples agradecimento, além da singela declaração de amor. Obrigada. Obrigada por ser quem você é e por me fazer ser quem eu sou quando estou ao seu lado.

domingo, 6 de julho de 2008

FALTA DE INSPIRAÇÃO

Tudo parecia ir bem. Os assuntos, eram abundantes. O estilo, cada vez mais afiado. De criatividade então, nem se fala. Parecia que ela tinha nascido para escrever, de tão natural que era esse dom. No entanto, quase sem perceber, tudo foi ficando um pouco mais difícil, sem um porquê definitivo. Aquela frase que sintetizava a sacada genial passou a demorar horas para ser finalizada, até chegar num ponto em que bem, não tem ponto… final… apenas reticências… um monte de rascunhos e idéia nenhuma na cabeça… e… assim… bem… é… olha, amanhã eu termino isso aqui… pode ser?

quarta-feira, 18 de junho de 2008

PERSONALIDADE IMPRESSA

Meus textos refletem aquilo que sou, aquilo que penso e aquilo que vivo, mesmo que eu seja, pense e viva cada dia uma coisa diferente. Graças à Deus, graças à ciência, sou humana. Sou fraca, parcial, imperfeita e, ainda assim, adorável. Mudo de opinião como quem muda de roupa. Minha instabilidade é, na verdade, uma auto-avaliação individual constante, que me faz pensar sobre o que sou e o que desejo para mim. Mudo de opinião como quem muda de roupa. Quem me conhece, sabe. Não guardo nada pra depois. Não economizo felicidade. Não economizo palavras. Não economizo vontades. Não me economizo. Pode ser um defeito devastador, eu sei, que ainda vai me causar várias dívidas no cartão de crédito. Mas não está em mim dizer que não quando a vontade é dizer sim. Quero muito mais do que sou, quero o agora e quero o depois. Quero provar o inesperado, improvisar meu mundo, fazer festa sozinha, me arrumar e me embebedar - de mim. Eu não gosto de rótulos, cansei de regras e tô de saco cheio de ler bula pra viver. Acho uma imensa pobreza de espírito essa moda de julgar e estereotipar, mesmo sabendo que eu também julgo e também crio estereótipos. Eu quero mesmo é ser feliz hoje, quero me sentir bem agora. Passar perfume caro pra ir ao supermercado, vestir a melhor camisola pra dormir sozinha, usar roupa nova pra ficar em casa...dá licença?

sábado, 7 de junho de 2008

SEXO FRÁGIL


Somos sobreviventes de um parto prematuro ou de um cordão umbilical enrolado no pescoço. Sobreviventes de uma infância pobre, de pais separados, de famílias despreparadas.
Sobrevivemos à adolescência caótica e à perda da inocência. Assim como sobrevivemos às brigas com a família e à vontade de fugir de casa.
Somos sobreviventes de um mundo ao avesso. Sobreviventes da luta contra a aparência, do império das grandes modelos e dos outdoors espalhados pela cidade.
Somos sobreviventes das piadas cruéis dos amigos e do ódio mortal aos inimigos.
Sobrevivemos aos amores perdidos, ao coração partido e às lágrimas derramadas. À solidão, à depressão e ao desespero.
Somos sobreviventes das várias ligações nunca feitas, das visitas que nunca chegaram e das flores que a floricultura nunca trouxe.
Sobreviventes dos beijos que ficaram apenas nos nossos lábios, dos olhos que não nos olharam e dos braços que nos negaram o abraço.
Somos sobreviventes das críticas, das revoluções e da falsa coragem.
Sobreviventes do corte de cabelo que saiu errado, da maquiagem borrada e da roupa repetida. Sobreviventes do espartilho, do sutiã com enchimento e das calcinhas fio-dental.
As mulheres quase morrem todos os dias, mas continuam vivas e nunca deixam de lutar.
Somos eternas sobreviventes.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

NÓS SOMOS AREIA

Sempre acreditei que o mundo dá voltas. Não só em torno do Sol, não. O mundo gira, e ele não pára pra gente descer caso nosso estômago embrulhe nem volta pra estrada certa quando pegamos aquele atalho errado. O mundo não se preocupa se você vai rir ou chorar, se você vai aprender ou continuar errando, se você vai ficar de queixo caído ou de cabeça doendo. O mundo apenas segue seu caminho, girando em torno do Sol e girando em torno de si mesmo. Nos 365 dias que ele gasta para completar sua volta, presenciamos a mudança das estações. Do verão pro outono, do outono pro inverno, do inverno pra primavera e da primavera pro verão. Há meses em que as árvores têm flores e a temperatura é quente. Há meses em que as árvores secam e a temperatura cai. No decorrer desses longos 365 dias, o mundo nunca se esquece de girar em torno de si próprio e não abre mão de seu satélite, a Lua, sempre lhe rodeando. A Lua tem suas fases, mas é ela a responsável pela luz quando o medo e as noites escuras chegam. Como é possível que esse universo inteiro, com um funcionamento tão impecável, tenha surgido apenas de poeira estelar? Será que usaram a mesma fórmula para gerar a vida, que assim como o mundo também dá voltas e também passa por verões e invernos, dias e noites? Será que todos nós, além de carne e osso, somos também poeira estelar? Acho que não temos sequer areia sob os nossos pés. Nós somos areia.

"O mundo é um milagre tão fantástico que, diante dele, a gente não sabe se ri ou se chora. Talvez as duas coisas ao mesmo tempo, o que não é nada fácil." (Jostein Gaarder, O Dia do Curinga)

quarta-feira, 21 de maio de 2008

MIOPIA CARDÍACA

Ei, como andam os graus do seu óculos? Há quanto tempo você não faz um exame oftamológico para saber à quantas anda sua visão? É sempre bom - e preciso - ficar atento aos olhos e ao que eles andam, ou não, enxergando. Imagina se você perde o ônibus? Imagina se fica sem ler aquela frase crucial daquele filmasso? Ou pior, imagina se você não enxerga o amor da sua vida? Dizem que quando se ama, a visão é o nosso primeiro sentido a ser danificado. Eu, particularmente, não concordo muito com essa estória de que o "amor é cego". Aliás, eu chego a discordar totalmente desse ditadinho popular. No meu dicionário, os cegos e ruins da visão são os famosos apaixonados, que quando se inebriam com essa sensação passam a enxergar apenas o próprio umbigo. Quem ama enxerga o outro, e o enxerga muito bem. O que acontece é que ao invés de usarmos apenas as retinas, passamos a usar também o coração. Piegas né? Mas é verdade, juro. Pode reparar. Por mais que o cérebro (sempre um pouco mais lerdo) demore a perceber, ou até finja que não percebeu, o coração teima em enxergar e te mostrar a verdade. É, essa verdade aí ó, bem na sua cara, debaixo do seu nariz. Às vezes essas verdades nos machucam, mas eu sempre fui de preferir uma sinceridade cruel à uma gentil mentira. Quer saber? Faça o seguinte: da próxima vez que for ao oftamologista, peça a ele, depois de examinar seus olhos, para examinar também seu lado esquerdo do peito. Quem sabe você não anda precisando de um colírio, pra enxergar a felicidade que mora bem ao seu lado?

sexta-feira, 2 de maio de 2008

RESOLUÇÕES PARA O ANO NOVO

Uma vez li que a medida que o tempo passa vamos ficando acomodados. Não concordo. Acredito que todos nós já nascemos acomodados. Ninguém, no fundo, quer realmente mudar. É fácil esboçar uma lista de resoluções pro ano novo ou dizer simplesmente que começaremos a dieta ou a hidroginástica na próxima segunda-feira. Contudo, ninguém quer largar a vida que leva, as coisas que gosta e as coisas habituais para ir morar no Taiti, viver em uma cabana e dormir numa rede. Por mais que a idéia seja boa (iguais são nossas listas de ano novo), na hora de fazer as malas, comprar a passagem e programar a festa de despedida, bem, é exatamente nessa hora que sentimos aquele arrepio frio na espinha e percebemos que não somos tão corajosos como pensávamos ser. Mudar é difícil, admita! Mesmo que as coisas estejam ruins, é incrível como ainda assim é difícil desvincular-se delas. Acontece que quando não fazemos nada a fim de melhorar aquilo que nos incomoda, quando, com a ajuda da nossa grande carpinteira 'acomodação', construímos uma grande parede de proteção contra o desconhecido, não somos só nós que saímos perdendo. Na hora de levantar as mangas e mudar os móveis de lugar pensamos em tudo, menos no que realmente queremos. Pensamos na família, nos amigos e até no papagaio. Pensamos na saudade que sentiremos daquela mobília ali, na falta que aquela mesinha de centro vai fazer ali e, principalmente, pensamos no novo, no desconhecido. Acredito que apesar de sermos todos uns eternos acomodados, as mudanças fazem parte da construção e da manutenção da nossa identidade, do nosso verbo to/be. Acredito que quando não as temos por vontade própria, a vida nos obriga a aceitá-las. O engraçado é que sofremos apenas quando não as aceitamos. E o pior é que raramente aceitamos.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

(SOBRE)VIVÊNCIA

Não...
Nunca foi tão simples me decifrar.
Sou neta, filha, mãe, irmã, namorada, amiga.
Sou mais do que é ser mulher.
Mais do que rasgar o verbo, gritar.
Mais do que explorar as emoções até que elas me cansem - ou eu me canse delas.
Até me assusto, surpreendida com o que percebo em mim.
Tantas e quantas vezes o que parece óbvio é um mistério indecifrável.
É como se o peso das correntes tivessem o poder de me libertar.
Ou o que parecesse fraqueza, pudesse ser minha vontade de ter forças.
Sou tantas e quase nenhuma.
Amor e ódio.
Exclamações e interregações.
Eu já fui mais clara. Mais vítima das minhas agonias.
Eu já fui mais ansiosa por respostas tolas.
Eu já fui mais as pessoas. Os sonhos. O porque. O porém. O tudo. O nada.
Hoje - desesperadamente, necessariamente - eu sou aquilo que preciso.
Aquilo que num tropeço, perco.
E na força, encontro.

terça-feira, 22 de abril de 2008

THE SHINING

Vou postar rapidinho só pra compartilhar com vocês essa excelente edição que mostra, num trailer, o filme "O Iluminado" como se fosse uma comédia super água-com-açúcar! Jack Nicholson nunca esteve tão romântico! Vale a pena ver:

http://www.youtube.com/watch?v=zuaYk-yDAgc

segunda-feira, 21 de abril de 2008

SOBRE MINHAS UTOPIAS

Moro em uma casa, com minha mãe e minha irmã mais nova. Saio com meus amigos, mas ultimamente tenho estado ausente. Acordo atrasada todas as manhãs pra pegar o ônibus e ir pra faculdade. Estudo sempre quando dá. Tenho a grande utopia de poder almoçar com meu pai pelo menos uma vez por semana. Gosto de cores, particularmente da cor verde. Odeio lavar louça. Ouço qualquer tipo de música, mas vem do meu humor a grande influência na música escolhida.

Me considero normal. Tão normal a ponto de ser acusada de plagiadora por algum leitor aleatório deste blog me dizendo que também gosta de verde e que também vai de ônibus pra faculdade. Mas não é isso que me intriga. Eu não ligo se me encaixo, ou não, em algum rótulo. Talvez eu me encaixe em vários, talvez não me encaixe em nenhum. Mas quem é que decide onde eu, simples e otária humana, me encaixo? Os que se julgam superiores a mim intelectualmente? Os que conseguem traçar meu perfil sociológico em apenas um minuto com uma análise baseada no que eu visto? Ou os que por pura e mera falta do que fazer me colocam em qualquer 'prateleira', sem definição ou explicação alguma? Pergunta que não tem resposta, eu sei - caso tenha e eu desconheça, por favor, me ajudem a continuar sendo uma ignorante nessa questão. Não me interessa saber quem dita as regras ou quem aprova as leis, visto que se eu souber é bem capaz de ser presa por homicídio doloso e passar a ter na mídia um espaço maior que o 'Caso Isabella'.

(Já que foi citado, esse caso fica como exemplo de como nossa sociedade impõe opiniões e de como nós engolimos essas opiniões como se fossem arroz com feijão - é tudo inconsciente, não se culpem! Todas as ações são minunciosamente ensaiadas e as falas previamente decoradas. Pra perceber, só precisa reparar os fatos com mais atenção, juro. Repare na reação dos pais da menina, na frieza da polícia, na demora da perícia, na revolta do povo, no discurso feito pelo advogado de defesa, na notícia dada pela apresentadora do jornal das oito, etc.)

Tudo é programado para que sintamos medo 24h por dia. Medo de ser assaltado, de ser bombardeado, de pegar dengue, de ser jogado pela janela, de ser assassinado pelos filhos, de ser comido por tubarões, enfim, tudo se resume a ter medo de viver e a ter medo de ir contra quem dita as regras e quem aprova as leis. O que há de vantajoso em ser 'normal' e fazer o que todo mundo faz?

Escola, faculdade, trabalho, casamento, filhos, televisão, amargura, velhice, sensação de coisas perdidas, frustrações, doenças, depedência, solidão, morte. Pra quê viver uma vida ditada pelo sistema? Apesar das nossas grandes evoluções nós ainda somos seres humanos, ainda somos animais - sim, você também é, não adianta fugir. Não me basta apenas existir. Eu preciso viver, preciso quebrar as estatísticas, preciso parar de acordar atrasada e preciso almoçar com meu pai uma vez por semana. É pedir muito?

sábado, 19 de abril de 2008

O EQUILIBRISTA


Picadeiro, redes de proteção, escada, corda, eu. O objetivo é chegar à outra plataforma. Logo eu que sou tão impulsiva e tão ansiosa tô correndo esse risco, tô me aventurando.

É tão emocionante estar no meio desse caminho agora. Sentir as pernas e o corpo todo tremerem a cada passo. Fazer pausas para respirar e recuperar o equilíbrio nos momentos de desespero. Sentir vontade de sorrir e chorar ao mesmo tempo. Parar de ouvir a voz arrogante da razão e deixar que o coração me guie, ouvindo sua doce voz me dizendo que eu vou conseguir.

Serei mais forte a cada passo dado, me superando sempre que possível. Sei que a queda não será fatal. Caso aconteça, as redes de proteção estão lá, eu até as enxergaria se pudesse olhar para baixo. Poderia ver também os olhos aflitos dos que me amam, ou os olhos maldosos dos que torcem para que eu me desequilibre. Poderia até escutar a voz de todos eles se quisesse, mas na verdade não quero.

Meu único objetivo agora é chegar ao outro lado. Meus olhos, ouvidos e coração estão lá. Minha atenção está toda voltada pra isso e nada mais me importa ao meu redor. Se serei vaiada ou aplaudida ao final do espetáculo, não sei e nem quero saber. O que me conforta é que poderei gritar em alto e bom som que eu tentei, que fiz o meu máximo.

Alcançar um objetivo é importante. Mas muito mais importante - e prazeroso - é o que aprendo no decorrer do caminho que leva à ele.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

AMOR PRA RECORDAR

Dentro de todos nós sempre existe algo que ninguém tira, uma recordação só nossa, guardada a sete chaves. Todos nós, até os mais desacreditados, temos um amor pra recordar. Um amor que, por um tempo, foi nosso doce preferido, mas agora não é mais. Porque ficou pra trás, ou se perdeu pelo tempo e pela distância, ou por outros mil motivos, na verdade não importa. Esse ex-amor pode servir para nos acalmar em momentos de conflitos internos, para dar inspiração quando ela insiste em não vir e pra que, na dor, a gente se lembre que sempre haverá razões para um sorriso.

Um dia a gente aprende que quem viveu um amor de verdade e foi recíproco, já teve parte da sua existência mais que justificada. Um amor pra fazer lembrar os momentos felizes, não há preço que pague.

Quando você deu seus melhores sorrisos e quando viveu suas melhores horas - aquelas que passam depressa sem que a gente se dê conta. Um amor pra recordar e nos fazer, quase sempre, lamentar por não ter dado o devido valor a alguns momentos que somente pareciam eternos, mas não eram. Ele existe pra fazer com que a gente compreenda o verdadeiro sentido do "aqui e agora" e do "viver intensamente como se fosse a ultima vez".

Esse tipo de amor, mesmo sendo parte íntegra do seu passado, vai estar em algum lugar do seu presente. Não sempre, de vez em quando. Ou quando você sentir que está perdendo as forças. Você o terá pra recordar entre as fotos, as canções, os e-mails e mais que isso, terá sempre as lembranças mágicas de amar e sentir-se amado (só experimentando pra saber).

Amores assim que também te ensinam o quanto as lamentações só servem para chegar até metade do caminho. Depois disto, você acaba aprendendo que só vale a pena levar consigo aquilo que foi bom. Não era pra ser eterno, oras! Algum dia acaba ficando morno, e dói, dói muito. Até que um dia a ferida se fecha e, nem isso, nem todo o sofrimento, todos os travesseiros molhados e todas as noites perdidas, tiram o seu valor. Aquele inesquecível beijo na chuva, acredite, é o que deve ficar depois da forte tempestade passada.

Um amor vai ter sempre o seu momento. E depois vai ficar guardado lá no fundo do coração, só pra você recordar.

SIM OU NÃO?

Ele abre a porta, acende a luz. Ela entra.
- Pode ficar numa boa, não tem ninguém em casa.
Ela se senta tímida no sofá, acaba por abraçar uma almofada.
- Quer tomar alguma coisa? - pergunta ele, sentando-se ao lado dela.
- Ainda não, obrigada.
Ele estica o braço pelo encosto do sofá, devagar, por trás do pescoço dela. Chegando mais perto...
- A noite hoje é só nossa. - diz, ao pé do ouvido.
Ela sente o coração disparar no peito. Sente uma vontade de gritar: "NÃO". Quer ir embora, fugir dali. Respira fundo. Fica com raiva de si mesma. "O que eu sou, afinal? Uma menina infantil e boba? Fui eu quem quis vir!"
- Acho que quero tomar algo, sim. - diz, tentando espantar a ansiedade.
- Tá, peraí...
Ele vai até a cozinha, ela o acompanha com os olhos. Afunda-se cada vez mais no sofá.
- Toma! - ele lhe estende o copo com suco.
Ela toma um gole. Ele então se esparrama no sofá e respira fundo. Estaria ele também nervoso? Ela coloca o copo sobre a mesinha.
- Desculpa, acho que tô meio nervosa...
- Tudo bem...
E agora é ela quem chega mais perto. Apóia a cabeça nos ombros dele. Ele a abraça acariciando os cabelos. Com a outra mão, segura o rosto dela e a beija na boca. É bom estar em seus braços. Ele a puxa para o colo e a envolve ainda mais. Aperta-lhe os seios. Ela sente um frio na barriga, segura-lhe a mão. Os dois se olham. Ele, então, toca-lhe a barriga, segura a ponta da blusa e vai levantando devagarinho, sempre olhando nos olhos dela como quem diz: "Posso?". Ela ajuda levantando os braços, deixando a blusa deslizar. Ele encosta a cabeça no peito dela, deslizando o rosto pelo sutiã. Abraça-a, e o desabotoa por trás. Beija com carinho os seios dela. Deita-a no sofá e vai descendo, beijando-lhe a barriga. Ela está estática. Medo, nervoso, timidez? Tudo isso misturado a uma sensação de prazer. Ela acaricia-lhe os cabelos. Ele a olha de novo, põe a mão no botão da calça e vai descendo o zíper; puxa a calça dela com cuidado. Ela agora está só de calcinha. Ele se levanta e tira a própria blusa, prepara-se para tirar a calça. Ela olha pro corpo a sua frente, examina seu próprio corpo deitado no sofá. Um misto de sim e não a invade. Posso? Devo? Quero? Ela se senta, então. Agora é ele quem pára. Ela se abaixa, pega sua calça no chão e a traz para perto do corpo, como se estivesse querendo se cobrir. Olha nos olhos dele. Estaria tudo acabado? Ele fica confuso, até que ela estende a mão e do meio dos seus dedos surge uma camisinha. Ele a olha, e termina de tirar a própria roupa. Ela joga as delas novamente no chão, aliviada por ter criado tamanha coragem, sentindo-se agora mulher.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

HAPPY PILLS

A carência excessiva é um bicho-papão. É ela que faz a gente gastar o que não tem, exigir o que não pode e querer o que não deve. Por trás dos chocolates, dos amores, dos amigos, da família e dos remédios há sempre uma luta travada contra o coquetel feito à base de insegurança e carência que nutre esta simplória e vulnerável alma que vos escreve.

É nessa constante batalha - sempre sem vencedores - que acabo por escancarar o que chamo de "meus pequenos sentimentos": a inevitável auto-piedade, a incrível dependência do outro e o cego egoísmo. Eles insistem em dar as caras quando a carência chega e o coração aperta. Exijo demais, fantasio demais, choro demais. Os sentimentos tomam proporções tão absurdas que quase não sobra espaço pra razão. Esqueço do que realmente é composta minha base, de quais são as minhas prioridades. Qual o motivo da supervalorização daquilo que, pra minha saúde mental e física, não tem valor medicinal algum? De quantos comprimidos para dor de cotovelo ainda vai se compor essa triste história de insatisfação e desilusão?

É difícil saber se esse estado entorpecido devido à remédios vai durar ou se vou acabar sóbria depois de tantas cabeçadas na parede. Parece que a causadora mor dessa "entorpecarência" vai ter que ficar no porta-comprimidos até então, guardada pro momento exato, pra não viciar.