quinta-feira, 17 de abril de 2008

HAPPY PILLS

A carência excessiva é um bicho-papão. É ela que faz a gente gastar o que não tem, exigir o que não pode e querer o que não deve. Por trás dos chocolates, dos amores, dos amigos, da família e dos remédios há sempre uma luta travada contra o coquetel feito à base de insegurança e carência que nutre esta simplória e vulnerável alma que vos escreve.

É nessa constante batalha - sempre sem vencedores - que acabo por escancarar o que chamo de "meus pequenos sentimentos": a inevitável auto-piedade, a incrível dependência do outro e o cego egoísmo. Eles insistem em dar as caras quando a carência chega e o coração aperta. Exijo demais, fantasio demais, choro demais. Os sentimentos tomam proporções tão absurdas que quase não sobra espaço pra razão. Esqueço do que realmente é composta minha base, de quais são as minhas prioridades. Qual o motivo da supervalorização daquilo que, pra minha saúde mental e física, não tem valor medicinal algum? De quantos comprimidos para dor de cotovelo ainda vai se compor essa triste história de insatisfação e desilusão?

É difícil saber se esse estado entorpecido devido à remédios vai durar ou se vou acabar sóbria depois de tantas cabeçadas na parede. Parece que a causadora mor dessa "entorpecarência" vai ter que ficar no porta-comprimidos até então, guardada pro momento exato, pra não viciar.

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