quarta-feira, 18 de junho de 2008

PERSONALIDADE IMPRESSA

Meus textos refletem aquilo que sou, aquilo que penso e aquilo que vivo, mesmo que eu seja, pense e viva cada dia uma coisa diferente. Graças à Deus, graças à ciência, sou humana. Sou fraca, parcial, imperfeita e, ainda assim, adorável. Mudo de opinião como quem muda de roupa. Minha instabilidade é, na verdade, uma auto-avaliação individual constante, que me faz pensar sobre o que sou e o que desejo para mim. Mudo de opinião como quem muda de roupa. Quem me conhece, sabe. Não guardo nada pra depois. Não economizo felicidade. Não economizo palavras. Não economizo vontades. Não me economizo. Pode ser um defeito devastador, eu sei, que ainda vai me causar várias dívidas no cartão de crédito. Mas não está em mim dizer que não quando a vontade é dizer sim. Quero muito mais do que sou, quero o agora e quero o depois. Quero provar o inesperado, improvisar meu mundo, fazer festa sozinha, me arrumar e me embebedar - de mim. Eu não gosto de rótulos, cansei de regras e tô de saco cheio de ler bula pra viver. Acho uma imensa pobreza de espírito essa moda de julgar e estereotipar, mesmo sabendo que eu também julgo e também crio estereótipos. Eu quero mesmo é ser feliz hoje, quero me sentir bem agora. Passar perfume caro pra ir ao supermercado, vestir a melhor camisola pra dormir sozinha, usar roupa nova pra ficar em casa...dá licença?

sábado, 7 de junho de 2008

SEXO FRÁGIL


Somos sobreviventes de um parto prematuro ou de um cordão umbilical enrolado no pescoço. Sobreviventes de uma infância pobre, de pais separados, de famílias despreparadas.
Sobrevivemos à adolescência caótica e à perda da inocência. Assim como sobrevivemos às brigas com a família e à vontade de fugir de casa.
Somos sobreviventes de um mundo ao avesso. Sobreviventes da luta contra a aparência, do império das grandes modelos e dos outdoors espalhados pela cidade.
Somos sobreviventes das piadas cruéis dos amigos e do ódio mortal aos inimigos.
Sobrevivemos aos amores perdidos, ao coração partido e às lágrimas derramadas. À solidão, à depressão e ao desespero.
Somos sobreviventes das várias ligações nunca feitas, das visitas que nunca chegaram e das flores que a floricultura nunca trouxe.
Sobreviventes dos beijos que ficaram apenas nos nossos lábios, dos olhos que não nos olharam e dos braços que nos negaram o abraço.
Somos sobreviventes das críticas, das revoluções e da falsa coragem.
Sobreviventes do corte de cabelo que saiu errado, da maquiagem borrada e da roupa repetida. Sobreviventes do espartilho, do sutiã com enchimento e das calcinhas fio-dental.
As mulheres quase morrem todos os dias, mas continuam vivas e nunca deixam de lutar.
Somos eternas sobreviventes.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

NÓS SOMOS AREIA

Sempre acreditei que o mundo dá voltas. Não só em torno do Sol, não. O mundo gira, e ele não pára pra gente descer caso nosso estômago embrulhe nem volta pra estrada certa quando pegamos aquele atalho errado. O mundo não se preocupa se você vai rir ou chorar, se você vai aprender ou continuar errando, se você vai ficar de queixo caído ou de cabeça doendo. O mundo apenas segue seu caminho, girando em torno do Sol e girando em torno de si mesmo. Nos 365 dias que ele gasta para completar sua volta, presenciamos a mudança das estações. Do verão pro outono, do outono pro inverno, do inverno pra primavera e da primavera pro verão. Há meses em que as árvores têm flores e a temperatura é quente. Há meses em que as árvores secam e a temperatura cai. No decorrer desses longos 365 dias, o mundo nunca se esquece de girar em torno de si próprio e não abre mão de seu satélite, a Lua, sempre lhe rodeando. A Lua tem suas fases, mas é ela a responsável pela luz quando o medo e as noites escuras chegam. Como é possível que esse universo inteiro, com um funcionamento tão impecável, tenha surgido apenas de poeira estelar? Será que usaram a mesma fórmula para gerar a vida, que assim como o mundo também dá voltas e também passa por verões e invernos, dias e noites? Será que todos nós, além de carne e osso, somos também poeira estelar? Acho que não temos sequer areia sob os nossos pés. Nós somos areia.

"O mundo é um milagre tão fantástico que, diante dele, a gente não sabe se ri ou se chora. Talvez as duas coisas ao mesmo tempo, o que não é nada fácil." (Jostein Gaarder, O Dia do Curinga)