terça-feira, 29 de junho de 2010

Morfina




Não sei exatamente o quê tem me impedido de escrever aqui, se é a falta de inspiração, falta de vontade ou a falta de tempo. Mas sinto que tenho que voltar. Sinto que minha cabeça não vem funcionando normalmente como sempre funcionou. Sinto que meu corpo vem tentando me dizer que não está funcinando mais como sempre funcionou. Aí o que me resta nessas horas é só escrever, porque as palavras sempre funcionam.

Sinto de algum modo que venho me transformando em uma pessoa anestesiada. Com dores na cabeça, nós na garganta, apertos no peito... mas que na verdade não sente nada disso acontecendo. Tipo tomar morfina, manja? Você olha atentamente, vê os ponteiros do relógio distante baterem em uma velocidade mais que lenta, as pessoas falam e você não consegue compreender nem uma palavra sequer, o tempo não passa, você não sente, não pode fazer nada, mas ainda continua acordado. (Sim, eu já tomei morfina).

Marco encontros e não vou. Desmarco encontros e apareço. Telefono pra pessoas que não conheço cobrando coisas que não entendo. Envio e-mails pra pessoas sem acesso à internet. Ouço sim, ouço não. Sinto que estou existindo mas não sinto que estou vivendo.

Acho que tenho uma concepção errada sobre viver. Tenho guardada em mim essa sede de adrenalina, sede de medo, sede de uma emoção que nunca chega. Tenho saudades do que não vivi. Tenho vontade de conhecer coisas, pessoas, lugares. Tenho vontade de subir em um navio e me entregar ao oceano, mas tenho medo da minha âncora ser pesada demais. Tenho vontade de me permitir algo profundo, mas tenho medo de pular e não dar pé.

E eu sou tão rasa.

Um comentário:

Anônimo disse...

raRa... corrige ai. Você é rara.